sábado, 9 de abril de 2011

1° dia - Trajetos Costurados - JUM NAKAO.

Jum começou sua apresentação com pouco mais de meia hora de atraso - não foi culpado, eu e outras duzentas meninas não achamos o local exato da Belas Artes onde seria o workshop - santa van que nos levou ao lugar certo! Após duas filas, cadastros, brindes, uma edição especial da Vogue pela Abest, seguimos todas para o 5ºandar. E... peguei um lugarzinho bom (AEE!), vi e ouvi tudo muito bem! Jum fascina. Não (só) por tudo que já fez ou faz, ou por tudo que sabemos e conhecemos dele. Fascina por seu modo calmo e oriental* de falar, por sua expressões mistas de timidez e quase raiva quando os grampos do grampeador (que foi adaptado por ele para grampear de forma que os grampos ficassem mais fáceis de arrancar depois - haha!) falham, ou quando não consegue alcançar o telão com a varinha* improvisada de papel pardo enrolado apontando para os slides iniciais de sua apresentação. Preocupado com a voz, pede para ajustarem o som do microfone (diminuir o grave) e reclama, educadamente, culpando o ar-condicionado que, minutos antes, tentava alcançar com a mesma varinha de papel pardo numa tentativa frustrada de... bom, não deu para entender o que ele estava tentando fazer. Enfim, se apresenta. Agradece à todos gentilmente e coloca a trilha sonora de sua apresentação. Uma música calma e delicada, lembrava MÚM ou qualquer outra coisa com aqueles barulhinhos de banda da Islândia que eu adoro. Aparece na tela ''modelar.mp3". Okay, isso basta. No primeiro slide, a imagem de um alfaiate (ou artesão, ou modelista... ou ''faz tudo" da costura) do século XV, transmitia confiança no olhar. Jum ressalta isso, de como naquela época, uma única pessoa era responsável por muita coisa, muitas etapas que hoje são realizadas por equipes inteiras. Mescla história com suas próprias histórias e conta o que vemos nos slides seguintes de forma muito simples. Alguns dos moldes que exibe no telão são reproduzidos por Jum em folhas de papel e o grampeador adaptado (que nessas ocasiões, tem o papel de máquina de costura). Após contar sua experiência ''terrível" (palavra que usa muito) em sua primeira aula de modelagem, onde o que mais lhe assustou foi o fato de ver algo estagnado, pronto, com começo e fim certos (era o molde de uma calça), chama uma das meninas da platéia para servir como exemplo. Transformando papel pardo com fita crepe e grampeador vemos, pouco a pouco, uma calça ser construída. Primeiro, da forma convencional. Depois, da forma Jum Nakao de se construir as coisas, comparando seu ato de modelar com gotas de chuva no alto de montanhas, chegando até planícies mais baixas. E alcança, todas. Nos alcança: Jum hipnotiza por seu olhar sincero, ao nos dizer que é possível transmitir até os sonhos mais impossíveis em arte e deixa claro que educação e determinação é o ponto inicial para qualquer coisa que possamos começar, fazer e transformar. Após mais alguns slides, outra menina servindo como molde, faz algumas brincadeirinhas para descontrair e arranca boas risadas de todos. É aquele típico humor oriental: a gente ri só de ver o sorriso atrapalhado dele. Mais slides, mais história e histórias pessoais, sua palestra infelizmente chega ao fim. Para Jum, não existe nada que não possa ser feito ou desfeito. Tudo é mutável, transformável. "É preciso ensinar... mas também desensinar!" Não existe um único modo de ver ou fazer qualquer coisa. Concordo! No começo da apresentação, ele diz que irá mostrar 600 anos de história (de moda) em três horas de palestra. Consegue mostrar muito mais. PS: Na palestra seguinte, onde sentou em minha frente, não resisti: ''Jum, posso tirar uma foto sua?" - Virou-se, deu o copo de café para uma amiga segurar e ficou de pé, prontamente. Tirou foto e conversou com todos que foram ao seu encontro. Educação é, definitivamente, uma das palavras que definem Jum Nakao.

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